quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Fumaças que cegam

1- O ex-jogador de futebol e ídolo esportivo Ronaldo “Fenômeno”, o Ronaldo Luís Nazário de Lima que encerrou a carreira no Corinthians Paulista, este ano, está na moda de novo, convidado que foi para presidir o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Vai responder nas próximas horas, depois de estudar a proposta e avaliar conflitos de seus patrocínios com os da Fifa, a poderosa federação internacional de futebol que dita as regras do torneio.
2- A votação do projeto que institui um novo Código Florestal só ocorrerá dia 6 de dezembro no Senado, afirmou o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), informa a Reuters (dia 30 de novembro) em textos na internet.
3- “Greenpeace faz protesto no Brasil e no mundo contra novo Código Florestal” é o texto recorrente em diversos veículos, como O Barriga Verde, de Santa Catarina (dia 29). Resumo do press-release distribuído pela organização: enquanto o novo Código Florestal aguarda votação no Senado, movimentos sociais e ambientais dizem não a projeto de lei ruralista com 1,5 milhão de assinaturas.
4- O Greenpeace, que se apresenta como movimento global e independente, a exemplo de outras organizações não-governamentais (ONGs) é, na minha modesta opinião, um braço da geopolítica traçada no exterior para o meio ambiente brasileiro. Ocorre que a população é presa fácil de apelo de ambientalistas radicais, pois a maioria desconhece o tema Código Florestal e a importância da produção de alimentos no mundo. Há quem pense, brinca-se, que gado nasce em árvores.
5- “O texto (do Código Florestal) aprovado é muito ruim porque abre brechas para o avanço do desmatamento sobre as florestas. As exigências feitas pelo agronegócio foram todas acordadas e acatadas no relatório”, diz Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
6- Não é bem assim. Demonizar agricultores ou ruralistas é atacar o setor que dá ao Brasil – na concorrência mundial por alimentos – posição de liderança na produção de soja, café, laranja e carne. Claro que o desmatamento criminoso deve ser combatido e que a preservação da qualidade do meio ambiente interessa a todos nós.
7- Por isso, recordo aqui texto que escrevi neste blog em junho, com o título “Pelas florestas temperadas” (link abaixo). Vale lembrar, também, que o principal redator do projeto do Código Florestal foi o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), hoje Ministro do Esporte, que não se trata de um “conservador”, um “direitista”,  adversário de “progressistas” e “modernos” ambientalistas.
G1 tem uma boa síntese de explicação sobre o projeto do Código Florestal que, se aprovado no Senado, onde sofre modificação, voltará à votação na Câmara, antes de ir à mesa da presidente Dilma Rousseff.
RONALDO E A COPA
O ídolo Ronaldo – a exemplo dos ex-jogadores Franz Beckenbauer (Alemanha) e Michel Platini (França), no passado – foi convidado pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, para presidir o Comitê Organizador Local da Copa-2014. A Folha de S. Paulo escreve (dia 30) que “Teixeira apela a boleiros famosos para tentar sobreviver, como há 10 anos, quando também era ameaçado por escândalos”.
Sediar a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos em 2016 causam compreensível polêmica no Brasil. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo (dia 28), sem controle, o custo de obras da Copa já subiu R$ 2 bilhões. “A fraude que abriu caminho para a aprovação do projeto de Veículo Leve sobre Trilhos em Cuiabá, R$ 700 milhões mais caro que o original, é só um exemplo de como o custo das obras da Copa do Mundo fugiu do controle público. Também houve aumento de preço nas obras de mobilidade urbana em Belo Horizonte, Manaus, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro”.
Valor Econômico, no mesmo dia, reporta que estádios para Copa levarão até 198 anos para se pagar. “Os estádios que estão sendo construídas para a Copa de 2014 em quatro capitais – Cuiabá, Natal, Brasília e Manaus – vão demorar de 130 a 198 anos para se pagar. É o que mostra estudo da empresa de consultoria BSB – Brunoro Sport Business, levando em conta o nível atual de rentabilidade das arenas esportivas nos Estados. Os 12 estádios que foram escolhidos para a Copa custarão mais e terão receita menor após a competição que aqueles construídos para as últimas duas edições da Eurocopa, mostra o mesmo levantamento.
O estudo da BSB prevê dois cenários econômicos para as arenas da Copa após os jogos. O primeiro leva em conta o nível atual de renda do futebol no Estado em que estão sendo construídas. O segundo, mais otimista, prevê aumento do faturamento com a venda de camarotes, publicidade, shows, do nome do estádio e locação para outros eventos. No cenário mais pessimista, o estádio com a pior expectativa de rentabilidade é o de Manaus, cujas obras demorariam 198 anos para se pagar. Contando com um aumento de receita, a obra se pagaria em 45 anos”, escreve o jornal.
Há muita fumaça no ar, além daquela de desmatamentos criminosos, que merecem mesmo severa punição.
TEXTO PREPARADO ORIGINALMENTE PARA O BLOG OUTRAS PÁGINAS.
José Aparecido Miguel, sócio da Mais Comunicação, www.maiscom.com, é jornalista, editor e consultor em comunicação.

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