terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Chumbo trocado

Sabemos, muitos, que o cenário político brasileiro vai além do Partido dos Trabalhadores (PT) e do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Porém, é em torno deles – e das oscilações do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) – que jorra o noticiário sobre política e governo no Brasil. (Algo como ver  o país somente com os olhos do eixo Rio- São Paulo ou vice-versa, passando por Minas Gerais.)
Veja e Carta Capital desta semana (data de capa, 14 de dezembro) trazem a troca de denúncias entre as duas correntes, que disputam diuturnamente o poder, com o destaque intenso, na internet, do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
A capa da Veja, “A trama dos falsários”, traz de volta o estelionatário Nilton Monteiro, hoje preso, cobrando pagamento de deputados petistas Rogério Correia e Agostinho Valente (agora ex-parlamentar, que trocou o PT pelo PDT), ambos de Minas Gerais, que o contrataram para forjar provas contra políticos da oposição. A revista escreve que “teve acesso a conversas gravadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça, revelando como o PT de José Dirceu se juntou a um notório estelionatário para falsificar documentos, denegrir a imagem de adversários e tentar enganar os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no caso do mensalão (2005)”.
O episódio serve de apoio para recordar outros escândalos, desde o da eleição presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 – com a criação de um grupo clandestino para difundir denúncias, verdadeiras ou não – até os denominados Previ (2006), Aloprados (2006), Cartões Corporativos (2008) e Bunker (ou “grupo de inteligência”, de 2010).
O último caso relaciona-se com a manchete de Carta Capital, “O escândalo Serra”. Na internet, começa assim: “Não, não era uma invenção ou uma desculpa esfarrapada. O jornalista Amaury Ribeiro Jr. realmente preparava um livro sobre as falcatruas das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Neste fim de semana chega às livrarias “A Privataria Tucana”, resultado de 12 anos de trabalho do premiado repórter, que durante a campanha eleitoral do ano passado foi acusado de participar de um grupo cujo objetivo era quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos (o caso chamado Bunker, acrescento). Ribeiro Jr. acabou indiciado pela Polícia Federal e tornou-se involuntariamente personagem da disputa presidencial”.
DADÁ E ONÉZIMO
Carta Capital traz um relato exclusivo e minucioso do conteúdo do livro de 343 páginas publicado pela Geração Editorial e uma entrevista com autor. “A obra apresenta documentos inéditos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos recolhidos em fontes públicas, entre elas os arquivos da CPI do Banestado. José Serra é o personagem central dessa história. Amigos e parentes do ex-governador paulista operaram um complexo sistema de maracutaias financeiras que prosperou no auge do processo de privatização”.
Na entrevista de Amaury Ribeiro Jr.,  ele conta que que, na chamada “privataria tucana”, para atacar os opositores, existia uma turma que tinha (os serviços de) Dadá (Idalísio dos Santos, araponga da Aeronáutica) e Onézimo Souza (ex-delegado da Polícia Federal).
De outro lado, em outro momento, o autor assume: “Eu busquei ajuda com o Dadá, que me trouxe, em seguida, o ex-delegado Onézimo Souza”, quando foi acusado, no ano passado, de participar de um grupo (durante a campanha de Dilma Rousseff) cujo objetivo era quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos e de descobrir “fogo amigo” no interior da campanha petista.
Luiz Fernando Emediato, dono da editora que lançou o livro, comentou dia 11 noFacebook. “Para aqueles que, nas redes sociais, falam de uma suposta decisão judicial proibindo “A Privataria Tucana”, esclareço: a Geracão Editorial não foi citada pela justiça. Caso algum juiz afronte a Constituição mandando proibir o livro, seria um desastre para as pessoas citadas nele. José Serra seria visto como censor amedrontado e o livro cairia, em PDF e epub, na Internet, com acesso gratuito para qualquer um. Aguardo – é da democracia – processos por danos morais, de quem se sentir injustamente denunciado. Nossos advogados estão prontos para nos defender e estamos prontos para levar a investigação adiante. Se alguém tem certeza que é inocente – apesar dos documentos devastadores – o caminho é a justiça. Eu mesmo estou processando uma revista por ter me envolvido injustamente num caso controvertido. Da verdade é que não fugiremos”.
“Foram vendidos 15 mil exemplares  do livro em um dia”.
“CUMPLICIDADE LULISTA”
Na internet, sobrou também para petistas. “Estamos assistindo um verdadeiro “show” de privatizações de nossos aeroportos em pleno governo Dilma, tudo para atender os investimentos estrangeiros no meganegócio da Copa do Mundo e das olimpíadas. E como esquecer a privatização dos bancos estaduais, como o BEC, chancelada na gerência do “operário” Lula que se dizia contra a entrega das empresas estatais ao capital financeiro”, escreve oCorreio do Brasil,  no texto “A Privataria Tucana e a cumplicidade lulista”, assinado inicialmente pela Liga Bolchevique Internacionalista (dia 11), e depois atribuído à sigla CMI Brasil (dia 13).
O lançamento de “A Privataria Tucana” acirra a disputa PT-PSDB. Emediato deu entrevista sobre  o livro ao jornal digital Brasil247.
Ditado popular difunde a idéia de que chumbo trocado não dói. Sei não, sei não…
Outros textos em
BRASIL247
VEJA
CARTA CAPITAL
TEXTO DIVULGADO ORIGINALMENTE NO BLOG OUTRAS PÁGINAS.
José Aparecido Miguel, sócio da Mais Comunicação, www.maiscom.com, é jornalista, editor e consultor em comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário