quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os novos ditadores, os “banksters”, e otimismo

Festas a parte, chama minha atenção, cada vez mais, o noticiário sobre a crise econômica nos Estados Unidos e na Europa, prenunciando 2012 de maiores dificuldades, inclusive no Brasil. O Globo (dia 21 de dezembro), além de sua manchete, “Criação de empregos no Brasil”, escreve que o déficit externo será o maior desde 1947. A retração maior do emprego ocorreu na indústria e empresas estão remetendo dinheiro para o exterior para cobrir prejuízos lá fora.
Estado de S. Paulo (dia 21) noticia que o governo brasileiro já admite PIB (Produto Interno Bruto) de 3,5% em 2012. “A meta de crescimento de 5% para a economia no ano que vem, defendida pela presidente Dilma Rousseff, pode ficar apenas no discurso. Já há previsões de integrantes da área econômica do próprio governo, não divulgadas publicamente, que indicam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 3,5%. A determinação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no entanto, é manter o otimismo”.
DITADORES
O portal Outras Palavras (dia 12) reproduz o artigo “Os banqueiros são os ditadores do Ocidente”, assinado por Robert Fisk, do The Independent, dos Estados Unidos, com tradução de Vila Vudu. Para o autor, “jornalismo compactua com elite financeira — por quê? Primavera árabe, Occupy e indignados se assemelham pela luta contra as ditaduras”.
Seleciono trecho do artigo de Fisk.
“O que os manifestantes ocidentais afinal entenderam, embora talvez um pouco tarde demais, é que, por décadas, viveram o engano de uma democracia fraudulenta: votavam, como tinham de fazer, em partidos políticos. Mas os partidos, imediatamente depois, entregavam o mandato democrático que recebiam do povo, do poder do povo, aos banqueiros e aos corretores de ‘derivativos’ e às agências ‘de risco’ – todos esses apoiados na fraude que são os ‘especialistas’ saídos das principais universidades e think-tanks dos EUA, que mantêm viva a ficção de que viveríamos uma ‘crise de globalização’, e não o que realmente vivemos: uma falcatrua, uma fraude massiva, um assalto, um golpe contra os eleitores. Os bancos e as agências de risco tornaram-se os ditadores do Ocidente. Exatamente como os Mubaraks e Ben Alis, os bancos acreditaram – e disso continuam convencidos – que seriam proprietários de seus países”.
“BANKSTERS”
Uma nova revista está nas bancas. É a Samuel, homenagem ao jornalista Samuel Wainer (1910-1980), criador do jornal Última Hora, que se propõe a oferecer “o melhor da imprensa independente no Brasil e no mundo”.
“Os Estados Unidos têm futuro? Essa é a pergunta que orienta o dossiê da nova revista Samuel“, divulga via internet, no portal Útima Instância (dia 18).
A revista (dezembro 2011/janeiro 2012) traz ainda em seu dossiê o perfil do procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman, produzido por Nina Burleifgh, da revista Salon. Ele tem a atribuição de investigar os responsáveis pela crise que se iniciou em 2008 e tornou-se célebre por sua atuação contra os “banksters” – neologismo que reúne, em inglês, as palavras “banker” (banqueiro) e “gangster”. “As pessoas que causaram esta quebra precisam ser responsabilizadas, e não detecto nenhuma diminuição no desejo do povo de Nova York para que a justiça seja feita”, diz Schneiderman.
“BANCO PODRE”
Exemplo do impacto de tudo isso: segundo O Globo (dia 13), dados do Banco Central mostram que, em outubro, o financiamento de matrizes estrangeiras para filiais brasileiras desacelerou fortemente, a US$ 1,2 bilhão, queda de 60% sobre setembro e metade da média mensal de 2011.
Paralelamente, sabemos que premiê espanhol planeja plano de resgate a bancos (Folha de S. Paulo, dia 18). O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, planeja criar um “banco podre” estatal que comprará das instituições financeiras créditos que dificilmente serão recuperados. “O objetivo da medida é livrar os bancos espanhóis de dívidas consideradas impagáveis e limpar os seus balanços, para que eles possam aumentar a concessão de empréstimos e impulsionar o consumo”.
PARA NÃO ESQUECER
Por fim, no UOL, dia 21, vem a informação de que mais de 11 milhões vivem em favelas no Brasil, diz IBGE; maioria está na região Sudeste. Um total de 11.425.644 de pessoas – o equivalente a 6% da população do país – ou pouco mais de uma população inteira de Portugal ou mais de três vezes a do Uruguai. Esse é o total de quem vive, atualmente, no Brasil em aglomerados subnormais, nome técnico dado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para designar locais como favelas, invasões e comunidades com, no mínimo, 51 domicílios, escreve a repórter Janaina Garcia.
(A Rádio Jovem Pan, dia 20, fez reportagem mostrando o surgimento de uma nova favela, fora da estatística. Tem, na data citada 31 barracos, e fica vizinha à famosa Avenida Paulista, em São Paulo – na Rua Bernardino de Campos.)
O contingente identificado pelos pesquisadores do IBGE em todo o Brasil está em pouco mais de 3,224 milhões de domicílios, a maioria, 49,8%, na região Sudeste –com destaque para os Estados de São Paulo, com 23,2% dos domicílios, e Rio de Janeiro, com 19,1%. Em toda a região, são mais de 5,580 milhões vivendo nesses aglomerados. Rocinha, no Rio, é a maior favela do país. Sol Nascente, em Brasília, aparece em segundo lugar.
LEIA MAIS EM:
José Aparecido Miguel, sócio da Mais Comunicação,www.maiscom.com, é jornalista, editor e consultor em comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário