segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A doença do atraso e da pobreza


O Brasil da chamada “nova classe média”, dos “tablets” e outras modernidades tecnológicas, “embora tenha eliminado, há seis anos, o barbeiro Triatoma infestans, não conseguiu proteger os brasileiros mais pobres das outras espécies do inseto”. “São 3 milhões os portadores do mal e 606 municípios (11% do país) com alto risco de infestação”, escreve o Correio Braziliense (5 de fevereiro), em série de reportagem assinada por Vinícius Sassine. “Outros 1.490 municípios (26,9%) têm um risco médio”.

“OS GRINGOS”
De Goiás, Sassine conta: O Estado, para uma legião de doentes de Chagas nas comunidades rurais de Posse, cidade de 31,4 mil habitantes distante 320km de Brasília, se resume a dois “gringos”.
“Interessados no mapeamento genético das famílias e em respostas para a evolução da doença,os norte-americanos escolheram uma região antes completamente infestada por barbeiros e hoje habitada por herdeiros de um mal esquecido. A dupla do Texas aparece uma vez por semestre, há 10 anos. Não há, num local tão isolado no Centro-Oeste brasileiro, quem não conheça os “gringos”, como são chamados pelos moradores”.
É triste ler, a seguir, que o Estado brasileiro se esqueceu desses doentes crônicos (são pelo menos 3 milhões de doentes). “Inexistem diagnósticos, exames, acompanhamento, tratamento médico. Saber, pelos “gringos”, da manifestação da doença é um irônico detalhe”.
“DOENÇA DA POBREZA”
Na segunda reportagem da série (6 de fevereiro), o Correio Brazilienseconsidera que a indústria farmacêutica despreza a doença porque não dá lucro.
“A indústria farmacêutica desistiu de mais uma doença da pobreza, e isso já faz nove anos. Desde 2003, a Roche Farmacêutica não fabrica o rochagan, nome ainda usado por quem tem Chagas para denominar o benznidazol. A licença foi transferida para um laboratório público, o Lafepe, que só produziu os primeiros lotes do medicamento cinco anos depois. Suspensa a fabricação no ano passado, o problema ganhou contornos internacionais. O Lafepe é o único no Brasil e no mundo a produzir o benznidazol. Praticamente todos os pacientes do mal de Chagas, a maioria deles na América Latina, dependem do medicamento produzido em Pernambuco”.
“O acompanhamento, o custeio da produção e a regulação dos estoques de benznidazol são responsabilidades do Ministério da Saúde. Apesar de o presidente do Lafepe ter admitido ao Correio que a produção do benznidazol foi paralisada por sete meses, o Ministério da Saúde diz que “não é verdade” que o medicamento deixou de ser produzido”.
“Além do desabastecimento interno, países que pagaram pelo medicamento entraram numa fila deespera. É o que atestaram participantes da 27ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas, realizada em Uberaba (MG), em outubro do ano passado”.
HOMICÍDIOS POR 100 MILHABITANTES NAS CAPITAIS
1º lugar – Maceió, 109,9 homicídios;
2º       – João Pessoa, 80,3;
3º       – Vitória, 67,1;
4º       – Recife, 57,9;
5º       – São Luís, 56,1;
6º       – Curitiba, 55,9;
7º       – Salvador, 55,5;
8º       – Belém, 54,5;
9º       – Porto Velho, 49,7;
10º      – Macapá, 49.
Famosas, as capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo ocupam, respectivamente, a 23ª e a 27ª posições no Brasil. O Rio com 24,3 homicídios por 100 mil habitantes; São Paulo com 13.
Fonte: Mapa da Violência 2012 – Instituto Sangari.
FRASE
“Queremos em especial homenagear irmãos cujo sofrimento ao longo da história lembra muito o que nós judeus sofremos: nossos irmãos negros, protagonistas de uma história tão bela,  tão rica culturalmente, mas indelevelmente marcada por sofrimentos indescritíveis na escravidão”.
Claudio Lottenberg, médico oftalmologista e presidente do Hospital Albert Einstein de São Paulo e da Confederação Israelita do Brasil, discursando em Salvador, Bahia, na solenidade do Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto. (Veja,8 de fevereiro, data de capa.)
Fontes:
José Aparecido Miguel, sócio da Mais Comunicação, www.maiscom.com, é jornalista, editor e consultor em comunicação.
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