Propaganda e tamborins à parte, “apenas 35 cidades
brasileiras – 0,6% do País – têm metade ou mais de seus alunos com aprendizado
em matemática adequado à série que cursam”, escreve o jornal O
Estado de S. Paulo (dia 8 de fevereiro). “No caso da língua portuguesa,
esse índice é de 1,2%. Ou seja: apenas 67 municípios apresentam a metade ou
mais de seus estudantes com conteúdo satisfatório para o ano da escola em que
estão. Isso significa que a grande maioria ainda não aprendeu a identificar o
conflito e os elementos que constroem a narrativa de um texto, por exemplo”.
Os dados se referem ao 9º ano do ensino fundamental
das redes públicas, são de 2009 e constam do relatório anual do movimento Todos
Pela Educação, apresentado dia 7. "É uma crise que estamos vivendo
no País, e toda a ineficiência desse sistema acaba desaguando no ensino médio:
apenas 11% dos que concluem têm aprendizado suficiente em matemática",
afirma Priscila Cruz, diretora executiva do movimento.
A meta do Todos Pela Educação é de que, até 2022, 70%
ou mais alunos tenham aprendido o conteúdo ensinado em sua série, escreve o Estadão.
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, afirma que o problema da aprendizagem depende de um conjunto
de fatores, que passa até mesmo pela infraestrutura da escola. "A
qualidade do equipamento escolar hoje é muito baixa. Não é só um problema
curricular ou de motivação do docente: a escola deve promover a cidadania por
meio de sua infraestrutura."
FORA
DA ESCOLA
O Brasil tinha 3,8 milhões de crianças e jovens fora
da escola em 2010, destaca O Globo (dia 8). “Esses 3,8 milhões
de crianças e jovens fora da escola excedem a população do Uruguai. É uma
população mais difícil de incluir porque são os estão no campo, em favelas, em
bairros muito pobres”, disse Priscila Cruz. O estado que tem o maior percentual
de crianças e adolescentes fora da escola é o Acre (15%). Já Rio e São Paulo
têm, respectivamente, 6,8% e 7%.
O movimento Todos Pela Educação, que é financiado pela
iniciativa privada, desde 2006 acompanha as condições de acesso e
alfabetização. “Para isso, estabeleceu cinco metas, que têm prazo final de
cumprimento em 2022. Além da meta de incluir todas as crianças de 7 a 14 anos na escola, quer que
elas estejam alfabetizadas aos 8 anos, que todo aluno tenha aprendizado
adequado à série e que todo jovem tenha concluído o ensino médio até os 19
anos. Quer ainda que o investimento seja ampliado”.
O Estadao.com,
dia 19 de janeiro, reporta que o Relatório de Monitoramento de Educação para
Todos de 2010, da Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), mostra que a
qualidade da educação no Brasil é baixa, principalmente no ensino básico.
“O relatório da Unesco aponta que, apesar da melhora
apresentada entre 1999 e 2007, o índice de repetência no ensino fundamental
brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica expressivamente
acima da média mundial (2,9%)”.
No ranking geral do Programa Internacional de
Avaliação de Alunos (Pisa), o Brasil é o 53º colocado entre os 65 países participantes,
segundo o Brasil Escola.
“O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64
anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao
5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos
jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não
dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores
recebem menos que o piso salarial”, detalha trecho de texto da pedagoga Eliane
da Costa Bruini, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo e colaboradora
do Brasil Escola (17 de setembro de 2011).
PROFESSORES
“Já sabemos que não basta, como se pensou nos anos
1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato
é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação
dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino
determina o que o professor faz quando ensina. O desenvolvimento dos
professores é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a
experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos
outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queira chamar – perdura
sem o docente”.
“Mudanças profundas só acontecerão quando a formação
dos professores deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para
baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho
individual e coletivo, e não como uma agressão”, reflete Eliane da Costa
Bruini.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comentou
para a imprensa o relatório do Todos pela Educação. Mercadante disse que o
problema de crianças e jovens fora da escola se concentra na pré-escola e no
ensino médio, e que o governo trabalha nessas duas frentes: por um lado, quer
acelerar o ProInfância. De outro, aposta na oferta de ensino
técnico-profissionalizante para quem cursa o ensino médio.
TEXTO DIVULGADO ORIGINALMENTE NO ENDEREÇO
E-mail: joseaparecidomiguel@gmail.com
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